Diversidade e Inclusão é a 9ª entre as 10 maiores prioridades das empresas em Moçambique para 2021. E no Brasil? Entenda o processo seletivo para Trainee Magalu

FLG Brasil
4 min readJan 14, 2021

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Soul é o primeiro filme da Pixar em que um negro é o protagonista. Muita polêmica se deu em Portugal quando o público soube que os dubladores dos personagens negros eram brancos. A questão do racismo estrutural e as reparações históricas que ainda devemos em todo o mundo devem ser prioridade com ainda mais força em 2021. Logo no segundo dia do ano, uma matéria publicada pela Folha de S. Paulo repercutiu nas redes sociais — não tanto quanto a chamada para o processo seletivo no ano passado — apontando para o excelente resultado na contratação de trainees negros, pela Magalu, dobrando o número da seleção anterior: 19 selecionados entre 22 mil candidatos.

Diz a matéria da jornalista Joana Cunha: “O barulho das críticas após o lançamento da iniciativa, em setembro, contribuiu para turbinar o número de inscritos”. E continua com a fala da diretora-executiva de gestão de pessoas da empresa, Patricia Pugas, sobre a quantidade de candidatos de nível excelente:

Gente boa a gente quer, ainda mais para cumprir um propósito que, para nós, é relevante, de ajustar a diversidade racial na liderança. Nunca fechamos que só poderíamos contratar dez. Era só uma referência. Sempre tivemos claro que, se tivesse mais candidatos excelentes, nós contrataríamos”.

A experiência faz questionar ainda mais a falta de diversidade nas empresas. Temos ou não temos bons profissionais disponíveis no mercado, entre negros, mulheres e LGBTQ+, por exemplo? O Magalu mesmo já vinha tentando fazer movimentos para elevar a participação dos negros em postos de chefia e o programa de trainees era visto como o caminho natural, mas ainda havia a dificuldade de atrair os candidatos.

“Em edições anteriores, a companhia já não exigia inglês fluente nem experiências internacionais com intercâmbios, critérios que costumam funcionar como barreiras para a entrada de profissionais pretos e pardos. Apesar disso, os candidatos negros permaneciam escassos”, diz a executiva na matéria.

Uma pesquisa recente feita pela McKinsey concluiu que empresas com diversidade e inclusão ética têm uma probabilidade 33% maior de apresentar lucratividade acima da média. Empresas como Apple, Google, Johnson & Johnson e Mastercard são exemplos de um compromisso mais robusto. Tanto na atualização de seus valores nos últimos anos como com ações amplamente trabalhadas, as quatro têm sido exemplo de atitudes possíveis para incluir de fato e não apenas trazer para a discussão a importância da diversidade.

O levantamento feito pela Flow Moçambique com 211 pessoas entrevistadas, de 100 organizações (pequenas, médias e grandes), entre CEOs, executivos e gestores — já comentado aqui na newsletter no ano passado — coloca a preocupação com Diversidade e Inclusão em 9ª posição entre as 10 prioridades para 2021. É apenas um recorte, de um país que tem a mistura de etnias bem vista pelo resto do mundo, mas ainda assim, levanta a discussão para a questão da prática. Estamos apenas levantando o tema — claro, isso tem uma grande importância — ou estamos também colocando em prática incluindo “minorias” nos cargos de chefia das grandes empresas mundo afora?

No caso do Magalu, além da repercussão que acabou ajudando a alcançar mais candidatos, a empresa criou uma estrutura para tentar romper obstáculos que impediam o jovem negro de se candidatar. Entre elas: expandir o prazo para três anos da formação acadêmica (as empresas costumam selecionar recém-formados); ouvir ex-trainees e outros funcionários negros atuantes para pensar a campanha; treinamento de pessoas do SAC e da direção, majoritariamente branca, para entender racismo estrutural; colocar a maioria do atendimento aos candidatos de negros, inclusive na empresa de RH contratada para ajudar neste processo; aos candidatos que não passaram nas fases de dinâmicas de grupo e entrevistas com diretores foi oferecido um feedback individual personalizado por chamada de vídeo ou telefone, em vez de apenas um e-mail comunicando a reprovação.

Leia aqui a matéria completa com a história de alguns candidatos selecionados.

Este artigo fez parte da Newsletter “Let It Flow”, da FLG Brasil. A cada 15 dias trazemos reflexões, provocações, informações, além de contar histórias e cases sobre nossos clientes. Para receber as próximas edições você pode se inscrever em: https://materiais.flgbrasil.com/newsletter-let-it-flow

Artigo escrito por: Juliana Gola

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